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Projeto No Clima da Caatinga planta mais cinco mil mudas na Serra das Almas

A Reserva Natural Serra das Almas, unidade de conservação na divisa entre Crateús (CE) e Buritis dos Montes (PI), começou a receber, em março, o plantio de 5.000 mudas de espécies nativas da Caatinga, com o objetivo de restaurar 10,4 hectares da reserva.

O plantio faz parte do escopo de ações do No Clima da Caatinga (NCC), projeto realizado pela Associação Caatinga e patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental.

Sabiá, carnaúba, aroeira, ipê roxo e jatobá são algumas das onze espécies de árvores plantadas, cultivadas inicialmente em um viveiro da Reserva Natural Serra das Almas. A  água para irrigação das mudas veio do Sistema Bioágua, uma tecnologia sustentável que filtra o que vem das cozinhas e banheiros da reserva.

Já as sementes foram adquiridas de coletores que moram em comunidades rurais do entorno da Serra das Almas. Os coletores receberam, anteriormente, capacitações de coleta e manejo de sementes em ações anteriores do projeto NCC. 

De acordo com o coordenador técnico do projeto, Samuel Portela, o plantio também reforça fortalece sequestro de carbono e segurança hídrica da região.  “Além da questão da restauração florestal e da geração de renda para os coletores, esse plantio fortalece a capacidade da reserva de estocar e sequestrar carbono, bem como promove a segurança hídrica das comunidades do entorno da Serra das Almas, já que florestas em pé contribuem para a disponibilidade de água”, explica.

Porém, esse não é o primeiro plantio realizado dentro da Reserva Natural Serra das Almas. A área já passou por uma série de etapas de restauração florestal.

Entenda a cronologia da restauração
1° passo: Em 2018, por meio do projeto No Clima da Caatinga, uma área conhecida como “Fazenda Gameleira” foi incorporada à Reserva Natural Serra das Almas. O território possuía 456 hectares, o que levou a um aumento significativo das dimensões da Serra das Almas, que passou a ter seus atuais 6285 hectares de extensão. Historicamente, as terras da Fazenda Gameleira foram utilizadas para produção de vegetais, como milho e algodão.

2° passo: Como antes de 2018 a Fazenda Gameleira ainda não fazia parte da Serra das Almas, era natural que esses territórios fossem divididos pelo o que se chama de “aceiro”, ou seja, uma faixa do solo onde a vegetação local foi suprimida. A técnica funciona como uma linha divisória entre áreas florestais, pois o objetivo do aceiro é impedir a propagação de incêndios.

Era preciso, então, reflorestar esse espaço vazio que antes marcava a divisão entre as áreas, agora que a Serra das Almas e a Fazenda Gameleira se tornaram uma só. Dito e feito, em 2022, o projeto No Clima da Caatinga realizou o plantio de cinco mil mudas na Serra das Almas, abrangendo uma área de 1,3 hectares.

3° passo: Com o objetivo de ampliar a restauração florestal da Fazenda Gameleira, a equipe do projeto plantou outras cinco mil mudas. “Esse plantio de agora é de enriquecimento de espécies e de diversidade genética porque nós estamos restaurando pontos específicos da Fazenda Gameleira que antes eram roçados e hoje estão em estágio inicial de recuperação”, explica Olavo Vieira, analista ambiental do projeto No Clima da Caatinga

Pactos globais em prol da restauração
Com o objetivo de restaurar ambientes degradados, em 13 anos, a equipe do NCC já plantou 91.760 mudas nativas, restaurou 73,80 hectares e criou 4 unidades de conservação. As ações do NCC estão alinhadas a pactos globais em prol da restauração, como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e à Década de Recuperação dos Ecossistemas [2021 – 2030], duas iniciativas da Organização das Nações Unidas.

Ao ser questionado sobre a importância de inserir a Caatinga em projetos globais de recuperação florestal, Samuel Portela é enfático: “restaurar a Caatinga é um desafio, tanto pela falta de investimento quanto pelas dificuldades impostas pelo clima e solo da região, mas com união local, nacional e global, o sonho da Caatinga preservada tem tudo para se tornar realidade”