10 maio Conheça 5 histórias de pessoas que transformaram suas vidas a partir da integração entre produção rural e conservação ambiental
Parceria entre produtores rurais e projetos socioambientais mostra que conservação ambiental e o sucesso agrícola andam de mãos dadas
Solos exauridos, nascentes sem água e baixa produtividade são desafios enfrentados por diversos produtores rurais em todo o país. Conheça 5 histórias de pessoas que superaram adversidades e transformaram suas vidas e dos locais onde vivem ao promover a conservação do meio ambiente. A nova coleção “O que as pessoas fazem pelo clima”, está reunida em uma plataforma de dados que compartilha histórias a partir de mapas, textos, imagens e outros conteúdos multimídia.
As histórias contadas são frutos de cinco projetos da linha Florestas patrocinados pelo Programa Petrobras Socioambiental. Os projetos realizados em diferentes biomas têm como objetivo comum a restauração de ecossistemas, regulação do clima e geração de renda de forma sustentável. São eles: Semeando Água, Florestas de Valor, Viveiro Cidadão, Raízes do Purus e No Clima da Caatinga. Os benefícios observados pelos moradores dos territórios vão muito além de suas áreas, contribuindo para redução dos impactos das mudanças climáticas.
Na Mata Atlântica, a implementação de técnicas que regeneram o solo vem transformando a região do Sistema Cantareira. Quando Vivian e Luciano chegaram ao sítio localizado no município de Piracaia/SP, o riacho que desagua na represa do Jaguari quase desaparecia nos períodos de seca. O gado de outros proprietários pisoteava as mudas que tentavam crescer. Com o apoio do Projeto Semeando Água, uma iniciativa do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, o casal desenvolveu um Plano de Manejo Sustentável, que concilia a regeneração da floresta, com um Sistema Agroflorestal que une café, juçara e frutas nativas da Mata Atlântica.
Luciano conta que já tem observado transformações. “Além do aumento significativo da vazão da nascente principal, outros olhos d’água surgiram próximos do curso do riachinho que, mesmo na estiagem, mantém um volume visivelmente maior. A conservação da mata ciliar também vem atraindo a fauna”. O projeto Semeando Água atua em propriedades rurais de oito municípios que compõem o Sistema Cantareira, trabalhando para a conservação do solo e da água na região, através da Restauração Florestal de áreas prioritárias para a recarga hídrica e da implantação de Sistemas Produtivos Sustentáveis.
Na Amazônia, três projetos contam como ao combaterem o desmatamento trouxeram água e alimentos saudáveis para as pessoas. Em Novo Horizonte do Oeste, no estado de Rondônia, o retorno da floresta trouxe a água de volta a seu Manoel. A principal nascente da propriedade já não tinha mais água, recurso essencial para o desenvolvimento da pecuária, que foi por anos a principal fonte de renda da família. Em seus 38 anos morando no território, Seu Manoel presenciou várias mudanças, principalmente na paisagem. Viu o desmatamento avançar sobre a floresta e ter como consequência a escassez de água.
Por meio da parceria com o projeto Viveiro Cidadão, executado pela Ecoporé – Ação Ecológica Guaporé, seu Manoel conseguiu mudas, assistência técnica e participou de intercâmbios de troca de experiências e dias de campo com cursos para trazer a água de volta. A restauração florestal da área onde está a nascente na propriedade vem promovendo ao longo dos anos o incremento de estoques de carbono, a redução de emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE), a formação de corredores ecológicos e a conservação da biodiversidade. Para seu Manoel “não foi trabalho, foi uma ação divina”, que ele recomenda a outros agricultores.
No sul do Amazonas, os Sistemas Agroflorestais (SAFs) da Terra Indígena (TI) Caititu, do povo Apurinã, fornecem alimentos saudáveis para as aldeias e recuperam solos exauridos. O extremo norte da terra está localizado a apenas 1,5 quilômetros do centro de Lábrea, que lidera o ranking das 50 cidades brasileiras que mais desmataram nos últimos quatro anos, segundo levantamento do MapBiomas.
O povo Apurinã, por meio da parceria com Projeto Raízes do Purus, realizado pela Operação Amazônia Nativa (OPAN), implementou 40 unidades de SAFs em 21 aldeias. A soma das áreas de cultivo totaliza 42,6 hectares, que estão em plena produção de frutos, feijões, tubérculos e plantas medicinais. Além de remover toneladas de carbono da atmosfera, contribuindo para a redução dos impactos das mudanças climáticas, os Sistemas Agroflorestais representam uma grande riqueza para os moradores do território. Marcelino Apurinã, cacique da Aldeia Novo Paraíso, passa a sábia mensagem de que “para o indígena riqueza não é dinheiro, riqueza é ter fartura, é ter o que ele comer todos os dias”.
Já em São Félix do Xingu, no Pará, as práticas agroecológicas, que incluem os Sistemas Agroflorestais, também transformaram a vida de Dona Josefa. Quando adquiriu sua propriedade, se deparou com um terreno predominantemente composto por pastagens e pouca cobertura florestal. Práticas agrícolas não sustentáveis e a vulnerabilidade a incêndios frequentes devastaram sua plantação de cacau. O município é marcado pelo desmatamento e altas emissões de CO2.
A liderança da agricultora familiar floresceu com a Associação de Mulheres Produtoras de Polpa de Frutas (AMPPF). A Associação apoiada pelo programa Florestas de Valor, iniciativa do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), tornou-se um símbolo de resistência e renovação. As mulheres da comunidade, antes dedicadas somente ao cultivo para subsistência, passaram a produzir licores, geleias e chocolate, transformando suas vidas e ganhando independência financeira. Maria se tornou uma fonte de inspiração para muitos e sua propriedade um exemplo vivo de reflorestamento e diversificação agrícola. Sua história é um testemunho do poder da ação coletiva e da importância de soluções sustentáveis para problemas ambientais complexos.
Na Caatinga, a apaixonante jornada de conservação e desenvolvimento sustentável do semiárido brasileiro é contada a partir da história de Seu Aureliano Rodrigues, o primeiro guarda-parque da Reserva Natural Serra das Almas (RNSA). Localizada entre os municípios de Crateús (CE) e Buriti dos Montes (PI), a Unidade de Conservação (UC) conta com 6.285 hectares e resguarda quatro nascentes, além de ser lar para centenas de animais e plantas, incluindo espécies ameaçadas de extinção. Aureliano vivia na Serra das Almas antes mesmo do local ser uma UC, quando a área ainda era formada por nove fazendas. Seus pais trabalharam nas roças de milho, feijão e mandioca e ele passava os dias pela floresta, “caminhando, parando, prestando atenção”. Assim, se tornou um dos maiores conhecedores da biodiversidade local.
A atuação do projeto No Clima da Caatinga, executado pela Associação Caatinga, vai para além da Serra das Almas, contemplando mais de 4 mil famílias residentes nas 40 comunidades rurais que vivem no entorno. A Associação também auxiliou na criação da Unidade de Conservação atua na gestão de mais setes UCs na região. Áreas protegidas contribuem com a redução do desmatamento, da escassez hídrica, da desertificação e são uma estratégia para a conservação da biodiversidade. Seu Aureliano já não é mais guarda-parque, mas ainda volta para a Serra das Almas a fim de guiar equipes de pesquisadores a partir do saber popular de um homem que viu as paisagens degradadas da sua infância tornarem-se a maior unidade de conservação privada do Estado do Ceará.
Veja os detalhes de todas essas histórias inspiradoras na coleção de Storymaps “O que as pessoas fazem pelo clima”. Acesse os mapas, relatos em áudio, tour virtual e outros recursos para conhecer um pouco mais de perto essas histórias.