Mudanças climáticas e comunidades tradicionais são tema de webinar

Aproximadamente 3,6 bilhões de pessoas vivem em contextos altamente vulneráveis às mudanças climáticas no planeta. O dado é apresentado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) em seu 6º Ciclo de Avaliação, que reúne os conhecimentos mais atuais sobre mudanças climáticas, as ameaças que enfrentamos e o que podemos fazer para limitar aumentos de temperatura ainda maiores. “Não podemos falar da questão climática sem falar dos povos da floresta, os indígenas, os ribeirinhos e as comunidades tradicionais. Precisamos compreender a complexidade dos sistemas onde elas estão e a importância delas na proteção e conservação do meio ambiente”, conta Helene Menu, gerente do programa Florestas de Valor do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora).

Para enriquecer este debate, o programa realiza no dia 24 de agosto, a partir das 9h, o webinar #SomosFloresta. Com o tema “Comunidades Tradicionais e suas contribuições para a mitigação das mudanças climáticas”, mais do que destacar os dados do IPCC, o evento contará ainda com representantes de três projetos patrocinados pela Petrobras e Governo Federal, por meio do Programa Petrobras Socioambiental. As iniciativas vão apontar as principais ações relacionadas ao apoio, fortalecimento e assistência a comunidades tradicionais que protagonizam o desenvolvimento sustentável em três biomas brasileiros: Amazônia, Mata Atlântica e Caatinga. O bate-papo será gratuito e on-line, transmitido pelo YouTube do Imaflora. As inscrições podem ser feitas pelo link https://bit.ly/webinarsomosfloresta. Além da porta-voz do projeto, participarão do evento representantes das comunidades que moram no território de atuação das iniciativas.

O projeto “No Clima da Caatinga”, que existe desde 2011, apresentará seu modelo integrado que alia conservação dos recursos naturais com a geração de oportunidade para quem vive no bioma. Daniel Fernandes, coordenador do projeto, ressalta que as mudanças climáticas permeiam os eixos temáticos trabalhados pela iniciativa, como a educação ambiental e o fomento à pesquisa. “Temos pesquisas para quantificar estoques de carbono, sobre a biodiversidade do bioma e seu papel na manutenção da floresta, de monitoramentos das nascentes na região, entre outros. A Caatinga é um bioma extremamente vulnerável às mudanças climáticas e temos buscado técnicas inovadoras que assegurem uma taxa maior de sobrevivência das mudas que plantamos para amenizar este impacto, por exemplo.”

Justiça climática
De acordo com a diretora adjunta de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Patrícia Pinho, uma das autoras do relatório do IPCC, o debate sobre as mudanças climáticas ainda está desconectado da dimensão humana. “Existe uma imensa pluralidade do ponto de vista biológico e climatológico e, ao mesmo tempo, uma invisibilidade das experiências na Amazônia, por exemplo. Não falamos sobre a cultura de resistência passada pelas gerações, a inteligência do uso e manuseio da biodiversidade. Fóruns como esse webinar, onde trazemos essas vozes com a interseção da etnia e da vulnerabilidade dentro dessa esfera são lentes para entender melhor a justiça climática”, comenta a pesquisadora, que será uma das palestrantes do evento.

O intercâmbio de ideias entre beneficiários e equipe técnica dos projetos durante o webinar é um destaque. Trata-se de uma oportunidade de aprendizado mútuo e divulgação das ações, que podem e devem ser replicadas em todas as regiões do país. “Aqui no sistema Cantareira é muito claro que só conseguiremos alcançar os objetivos de conservação dos recursos hídricos se fortalecermos os pequenos produtores da região e os mantivermos nas suas terras, incentivando o desenvolvimento sustentável. Formar, beneficiar e aprender com essas comunidades é uma forma de encontrarmos uma solução coletiva para questões globais como as mudanças climáticas”, pontua Alexandre Uezu, coordenador do projeto “Semeando Água”, também participante do evento.

O relatório do Sexto Ciclo de Avaliação, apresentado este ano pelo IPCC, aponta o papel fundamental das populações que utilizam os recursos naturais de forma sustentável. Essas comunidades são alguns dos mais importantes protetores do carbono vivo, já que as áreas manejadas por elas têm taxas de desmatamento muito menores do que áreas protegidas pelos governos. Por isso, o combate às mudanças climáticas está intrinsecamente ligado à liderança de povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais. O IPCC é uma organização científico-política criada em 1988 no âmbito das Nações Unidas (ONU), com o objetivo principal de sintetizar e divulgar o conhecimento mais avançado sobre as mudanças climáticas que hoje afetam o mundo.

Serviço
Webinar #SomosFloresta
Inscrições: https://bit.ly/webinarsomosfloresta
24/08/2023, quinta-feira, 9h, pelo YouTube do Imaflora