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Espécies ameaçadas de extinção na Caatinga

Descubra quais as principais causas para a extinção de espécies ameaçadas na Caatinga e o que nós podemos fazer para mudar este quadro.

Quantas espécies da Caatinga estão ameaçadas de extinção? Quais as principais causas para o desaparecimento de animais e plantas do sertão nordestino? E o que nós, como sociedade, podemos fazer para reverter este quadro onde o desenvolvimento econômico supera o meio ambiente?

Estas e outras perguntas atravessam a cabeça de quem deseja um futuro melhor para o semiárido. Por isso, venha conosco e descubra como e porquê os animais e plantas da Caatinga estão sumindo.

Por muito tempo, a seca e a pobreza atribuíram à Caatinga o rótulo de lugar abandonado e sem vida. No imaginário popular o semiárido foi tido como um espaço infrutífero, onde a vida é difícil e a fauna e a flora resumem-se aos calangos e cactos típicos da região.

Entretanto, para além de estereótipos, quando nos atemos aos dados científicos, a Caatinga mostra-se como uma das florestas secas mais biodiversas do mundo. De acordo com dados do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), a Caatinga abriga 3200 espécies de plantas, 371 de peixes, 224 de répteis, 98 de anfíbios, 183 de mamíferos e 548 de aves.

Além disso, vários grupos biológicos, principalmente os de insetos, ainda são bastante desconhecidos pela ciência, ou seja: existem inúmeras outras espécies que aguardam catalogação. Assim como cabe destacar que grande parte da Caatinga foi pouco ou nada estudada, o que dificulta a descrição da biodiversidade do bioma.

Quando se trata de animais e plantas em risco de extinção, é preciso analisar a questão de forma mais específica. Assim sendo, segundo o “Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção”, uma publicação também realizada pelo ICMbio, a Caatinga abriga ao todo 125 animais ameaçados. Desses, 47 são endêmicos, isto é, existem apenas nesse bioma.

Em relação às plantas da Caatinga é possível analisar o “Livro Vermelho da Flora do Brasil”, uma pesquisa feita pelo Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora). A publicação avaliou 1026 espécies da vegetação semiárida e demonstrou que 253 estão ameaçadas de extinção enquanto 49 não possuem dados suficientes para serem estudadas.

Para uma análise mais sintetizada é possível acessar o “Contas de Ecossistemas: Espécies Ameaçadas de Extinção no Brasil”, um folder criado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística com o objetivo de apresentar informações sobre as espécies ameaçadas do Brasil de maneiras simples e didática.
E apesar de demonstrarem um quadro preocupante, estudos como esses facilitam a construção de estatísticas e evidências para gerar a criação de mapas voltados à avaliação de questões práticas específicas.

Assim sendo, a padronização de dados sobre a Caatinga auxilia na tomada de decisões de instituições públicas, privadas e de terceiro setor que, com essas informações em mãos, podem escolher caminhos mais eficientes e sustentáveis para a gestão de recursos e criação de projetos.

O que causa a extinção de animais e plantas na Caatinga?

Uma das principais causas de pressão às espécies da fauna e da flora da Caatinga é o crescimento desordenado das atividades agropecuárias. Grandes plantações e criações de animais domésticos (bovinos, ovinos, caprinos e etc) ainda são as principais responsáveis pela fragmentação e diminuição da qualidade do habitat natural em áreas onde essas atividades estejam consolidadas ou em expansão.

Outros fatores que aceleram o desaparecimento de espécies no semiárido estão relacionados à expansão urbana e a construção de empreendimentos para geração de energia, que incluem barragens, hidrelétricas, parques eólicos e linhas de transmissão. A caça, pesca e o tráfico de animais  também figuram como agentes catalisadores da extinção de espécies na Caatinga.

Além disso, outro fator degradante é a matriz energética da Caatinga, que é altamente dependente da lenha (em sua maioria oriunda do desmatamento ilegal). O material é utilizado, principalmente, para atividades econômicas, em especial as que envolvem indústrias do ramo de gesso, carvão, biocombustível e cerâmica.

As queimadas aceleram a extinção da fauna e flora da Caatinga. Leia o primeiro texto da Para campanha “Caatinga em pé” para entender mais sobre o tema.

Também é fundamental falar, quando se trata da extinção de espécies, sobre outros elementos, como: desmatamento, poluição, mineração, turismo desordenado, empreendimentos de transportes, espécies exóticas, assentamentos, doenças e desastres naturais.

Entre as principais consequências da extinção de animais e plantas da Caatinga estão a perda de biodiversidade, a diminuição de recursos naturais, a redução da variedade alimentar, a contração da capacidade de autorregulação do semiárido, a redução das quadras chuvosas, a desertificação e o aumento da temperatura global.

A extinção de uma espécie também pode acelerar e ocasionar a extinção de outras espécies, já que os ecossistemas estão interligados em um constante e embaraçado processo de interações.

Ademais, a crescente extinção da fauna e flora da Caatinga têm consequências econômicas e implicações diretas à humanidade, visto que esse desequilíbrio promove insegurança alimentar, riscos à saúde humana, mudanças climáticas e riscos aos pequenos, médios e grandes negócios.

O que fazer para reduzir a extinção de espécies?

Para garantir a redução do número de espécies ameaçadas na Caatinga é fundamental realizar ações imediatas. Com urgência e trabalho correto, ainda é possível que humanos e natureza caminhem juntos em um trajeto mais sustentável, onde a conservação da biodiversidade regional anda de mãos dadas com a prosperidade econômica do povo e a justiça social.

Porém, o desafio é grande, pois, em resumo, o semiárido requer um novo modelo de desenvolvimento onde as práticas degradantes do extrativismo e da agropecuária possam dar espaço para técnicas sustentáveis de manejo adequado do bioma, visto que a população nordestina é, em inúmeros pontos, dependente da fauna e da flora silvestre.

Dito isso, um dos primeiros passos para reduzir a extinção na Caatinga, é compreender com maior precisão quais os vetores de degradação para, assim, delinear estratégias de preservação mais eficientes e produtivas. Ou seja, incentivar a pesquisa científica é um caminho fundamental para mudar o atual cenário de degradação.

Nesse sentido é de primordial importância ressaltar o trabalho de conservação do ICMBio que, por meio dos Planos de Ação Nacionais, identifica as principais ameaças às quais a fauna e a flora do Brasil estão submetidas para propor ações e projetos públicos de intervenção.

Outra forma de frear a ameaça de extinção na Caatinga é incentivar a criação de novas Unidades de Conservação em áreas prioritárias e garantir a gestão correta das Áreas de Preservação Permanentes (APP) e das Áreas de Proteção Ambiental já existentes. Bem como está nítida a importância de robustos projetos de educação ambiental com comunidades rurais e urbanas da Caatinga.

Além disso, substituir a lenha como matriz energética, recuperar áreas degradadas (principalmente aquelas que estão ao longo de cursos d’água) e melhorar a capacidade do poder público em planejar e executar programas voltados à sustentabilidade é essencial para esta empreitada.

O que o No Clima da Caatinga faz para reduzir o número de espécies ameaçadas de extinção na Caatinga?

A base central do trabalho realizado pelo projeto No Clima da Caatinga é a Reserva Natural Serra das Almas (RNSA), uma unidade de conservação incluída na categoria Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). A área possui 6.285 hectares de extensão e está localizada entre as cidades Crateús (CE) e Buriti dos Montes (PI). Ao redor da RPPN existem 40 comunidades rurais que abrigam cerca de 4 mil famílias.

Dentro da RNSA, a equipe do No Clima da Caatinga monitora, por meio de armadilhas fotográficas (câmeras automáticas ativadas por movimento e calor), a fauna da região. Com essas informações, o projeto desenvolve pesquisas científicas voltadas para a preservação de espécies ameaçadas de extinção, como a Onça-Parda (Puma concolor) e a Guariba-da-Caatinga (Alouatta ululata).

Já da porteira da RNSA para fora, a equipe de educação ambiental do No Clima da Caatinga empreende projetos educativos que já envolveram 82.183 pessoas. Além disso, o projeto já distribuiu 734 para as famílias das comunidades rurais que moram ao redor da unidade de conservação.

O No Clima da Caatinga também criou seis unidades de conservação no Ceará (além da RNSA), plantou 86.760 mudas de espécies nativas do semiárido e evitou, por meio das ações executadas, a emissão de 334.977,24 toneladas de gás carbônico.

O projeto No Clima da Caatinga é realizado pela Associação Caatinga e patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental.