09 maio A verdadeira flora da Caatinga
A flora da Caatinga muitas vezes é retratada de forma rasa e pobre, geralmente mostrando apenas cactos e plantas secas, mas ela é muito mais do que isso. O bioma nordestino abriga cerca de 3.150 espécies de plantas com flores e cerca de 720 são endêmicas, ou seja, ocorrem exclusivamente na região. E ao contrário do imaginário popular, o semiárido tem plantas de todos os tipos, desde cactos e espécies rasteiras até grandes árvores frondosas com copas largas.
Também é importante ressaltar que o nome Caatinga não foi dado ao acaso, afinal, a palavra deriva do tupi-guarani e significa “mata branca”. Os povos originários criaram esse nome, pois perceberam que, durante as estações secas, as plantas do semiárido perdem as folhas e prevalece a paisagem esbranquiçada. A mata branca é o aspecto mais marcante da Caatinga e carrega dentro de si a resiliência da floresta, propriedade que possibilitou às plantas desenvolverem atributos marcantes para se adaptarem às chuvas irregulares do semiárido.
Essa capacidade de transformação é chamada de “xeromorfismo”e vem das palavras gregas “xeros: seco” e “morphos: forma”. Pode ser observada de diversas formas, como nas espécies cactáceas xique-xique e mandacaru, que possuem folhas transformadas em espinhos que evitam a perda excessiva de água por meio da transpiração, além de servirem como proteção contra animais herbívoros.
O “xeromorfismo” também ocorre em plantas que possuem o caule verde para continuarem realizando fotossíntese e obtendo nutrientes mesmo em épocas de seca. As modificações são várias, desde folhas reduzidas, folhas cobertas de cera até espécies com raízes mais alongadas e desenvolvimento de raízes tuberosas, uma espécie de “batata”.
Muitas plantas adotam a estratégia de escape ou fuga da escassez de água, acelerando e diminuindo o seu ciclo de vida ou adiando o período de germinação para períodos com maior umidade no solo. O período de floração também é diferenciado e como as chuvas na Caatinga não iniciam na mesma época, a floração e produção de frutos variam de local para local e de planta para planta.
As plantas deixam as folhas caírem no final do período chuvoso, ficando, muitas vezes, totalmente desfolhadas no período seco para reduzir a taxa fotossintética, assim a planta entra em estágio de economia de energia e uso das suas reservas. As plantas da Caatinga são um dos exemplos mais belos de convivência com o semiárido.
As fitofisionomias são divididas em quatro categorias: Caatinga Arbórea, Caatinga Arbustiva, Mata Seca e Carrasco. Essas características foram desenvolvidas ao longo de milênios e são frutos de inúmeras mudanças climáticas.
Caatinga arbórea
Caatinga arbórea é composta por florestas altas com árvores que chegam a 20m de altura. Na estação chuvosa forma-se uma copa espessa e mata sombreada em seu interior.
Caatinga arbustiva
Caatinga arbustiva ocorre em relevos mais planos, com árvores mais baixas de até oito metros de altura. Geralmente são associadas a espécies de cactos e bromélias, como o xique-xique e a macambira.
Mata Seca
Mata Seca é um tipo de vegetação que ocorre no topo de serras e chapadas. As plantas dessa mata perdem as folhas em menor quantidade em períodos de seca.
Carrasco
Carrasco é a Caatinga encontrada apenas a oeste da Chapada da Ibiapaba e ao sul da Chapada do Araripe. Possui arbustos de caules finos, tortuosos e emaranhados, difíceis de penetrar.
Ações do NCC
Para contribuir com ações que preservem a flora do semiárido, o No Clima da Caatinga já participou da criação de quatro Reservas Particulares do Patrimônio Natural e evitou aproximadamente a emissão de 581.964 toneladas de gás carbônico. O projeto também realizou o plantio de 86.760 mudas de espécies nativas e promoveu diversas ações de educação ambiental, que buscam mostrar a importância de conservar a floresta para garantir a biodiversidade e a manutenção dos serviços ecossistêmicos.
O projeto No Clima da Caatinga é realizado pela Associação Caatinga e patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental.